segunda-feira, 5 de julho de 2010

Derrotas & Derrotas

Existem derrotas e derrotas. Umas doem mais, outras nem doem. Umas, choramos. Noutras, xingamos. Ficamos tristes, em ambas. Mas lembrar de uma derrota com certa alegria, nostalgia até, só conheço uma.

Eu não chorei essa derrota. Mas assisti a todos os jogos, gravados, repetidas vezes, e acredito que ainda poderei ver a Seleção Brasileira jogando um futebol como esse que esses caras jogaram. E, se for pra perder, que se perca jogando uma bola assim.

5 de julho de 1982. A melhor seleção jamais campeã de todos os tempos:


5 de julho de 1982. Há 28 anos morria o futebol arte.

2 comentários:

  1. Recebi por e-mail e achei que cabia aqui.

    Beijo aos amigos piauienses que trouxeram alegria a essa cearense exilada.

    Na crônica esportiva brasileira, muita gente vai ter que pendurar
    essas chuteiras

    Foi na Copa do Mundo de 1986, no México, com Fernando Vanucci, então
    apresentador da TV Globo, que a cobertura esportiva brasileira
    abandonou qualquer traço de jornalismo para se transformar num evento
    circense, onde a palhaçada, o clichê e o trocadilho infame
    substituíram a informação, ou pelo menos a tornaram um elemento
    periférico. Vanucci, simpático e bonachão, criou um mote (“alô você!”)
    para tornar leve e informal a comunicação nos programas esportivos da
    Globo, mas acabou por contaminar, involuntariamente, todas as gerações
    seguintes de jornalistas com a falsa percepção de que a reportagem
    esportiva é, basicamente, um encadeamento de gracinhas televisivas a
    serem adaptadas às demais linguagens jornalísticas, a partir do
    pressuposto de que o consumidor de informações de esporte é,
    basicamente, um retardado mental. Por diversas razões, Vanucci deixou
    a Globo, mas a Globo nunca mais abandonou o estilo
    unidunitê-salamê-minguê nas suas coberturas esportivas, povoadas por
    sorridentes repórteres de camisa pólo colorida. Aliás, para ser justo,
    não só a Globo. Todas as demais emissoras adotaram o mesmo estilo, com
    igual ou menor competência, dali para frente.

    Passados quase 25 anos, o estilo burlesco de se cobrir esporte no
    Brasil passou a ser uma regra, quando não uma doutrina, apoiado na
    tese de que, ao contrário das demais áreas de interesse humano,
    esporte é apenas uma brincadeira, no fim das contas. Pode ser, quando
    se fala de handebol, tênis de mesa e salto ornamental, mas não de
    futebol. O futebol, dentro e fora do país, mobiliza imensos
    contingentes populacionais e está baseado num fluxo de negócios que
    envolve, no todo, bilhões de reais. Ao lado de seu caráter lúdico,
    caminha uma identidade cultural que, no nosso caso, confunde-se com a
    própria identidade nacional, a ponto de somente ele, o futebol, em
    tempos de copa, conseguir agregar à sociedade brasileira um genuíno
    caráter patriótico. Basta ver os carros cobertos de bandeiras no capô
    e de bandeirolas nas janelas. É o momento em que mesmos os ricos,
    sempre tão envergonhados dos maus modos da brasilidade, passam a
    ostentar em seus carrões importados e caminhonetes motor 10.0 esse
    orgulho verde-e-amarelo de ocasião. Não é pouca coisa, portanto.

    Na Copa de 2006, na Alemanha, essa encenação jornalística chegou ao
    ápice em torno da idolatria forçada em torno da seleção brasileira
    penta campeã do mundo, então comandada pelo gentil Carlos Alberto
    Parreira. Naquela copa, a dominação da TV Globo sobre o evento e o
    time chegou ao paroxismo. A área de concentração da seleção tornou-se
    uma espécie de playground particular dos serelepes repórteres globais,
    lá comandados pela esfuziante Fátima Bernardes, a produzir pequenos
    reality shows de dentro do ônibus do escrete canarinho. Na época, os
    repórteres da Globo eram obrigados a entrar ao vivo com um sorriso
    hiperplastificado no rosto, com o qual ficavam paralisados na tela,
    como em uma overdose de botox, durante aqueles segundos infindáveis de
    atraso de sinal que separam as transmissões intercontinentais. Quatro
    anos antes, Fátima Bernardes havia conquistado espaço semelhante na
    bem sucedida seleção de Felipão. Sob os olhos fraternais do presidente
    da CBF, Ricardo Teixeira, foi eleita a musa dos jogadores, na Copa de
    2002, no Japão. Dentro do ônibus da seleção. Alguém se lembra disso?
    Eu e a Globo lembramos, está aqui.

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  2. Um beijo aos amigos piauienses que trouxeram informacao e inteligencia a essa torcedora cearense exilada. Ate a poxima copa!

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